ATA DA SEXAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 13.06.1989.

 


Aos treze dias do mês de junho do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexagésima Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Qüinquagésima Nona Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 03 Pedidos de Informações; pelo Ver. Cyro Martini, 05 Pedidos de Providências; pelo Ver. Nelson Castan, 03 Pedidos de Providências; pelo Ver. Omar Ferri, 01 Pedido de Informações; 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 58/89 (proc. nº 1435/89); pelo Ver. Vicente Dutra, 04 Pedidos de Providências; 01 Pedido de Informações. Ainda, foi apregoado o Projeto de Lei do Executivo nº 23/89 (proc. nº 1723/89). Do EXPEDIENTE constaram: Circular s/nº, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra; Carta do Intermediário Responsável pelo Núcleo Central Unitarista Universal 1º de Janeiro; Comunicação da Liga de Defesa Nacional. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. João Dib disse esperar que seja estabelecida a verdade na questão da cobrança da tarifa d’água, informando o encaminhamento de Requerimento, à Mesa, solicitando seja ouvida a Comissão de Justiça e Redação quanto a legalidade dos reajustes das tarifas de água e esgoto, praticados pelo Executivo Municipal, e discorrendo sobre os índices aplicados em relação aos mesmos. Referiu-se, ainda, a debate realizado na televisão, e que será levado ao ar amanhã, contando com a participação do Vice-Prefeito da Cidade, onde S. Exa. dizia do bom relacionamento entre a Prefeitura e a Câmara Municipal, fazendo elogios somente à Bancada do PT e afirmando que as outras Bancadas são contra as iniciativas do Executivo. Criticou a atual administração, pelos diversos problemas enfrentados pela Cidade. O Ver. Gert Schinke teceu comentários sobre procedimentos adotados pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, em relação à ocupação de alguns espaços urbanos, e que se consumou de forma irregular no decorrer dos últimos anos. Destacou o caso da Praça Leonardo Macedônia, que originou ação judicial por parte da SMAM, na atual administração, visando a desocupação do local que servia para comércio de automóveis. Disse que apesar de feitas legalmente, outras ocupações semelhantes a essa, vinham de uma política de troca de espaços privilegiados com a iniciativa privada, esclarecendo que o entendimento da Administração Popular é de que áreas como a da Praça em questão são de uso da população e para embelezar a Cidade. Fez referência, ainda, a debate realizado quando do lançamento de livro, de autoria do Frei Sergio Görgen, intitulado “O Massacre da Fazenda Santa Elmira”, e que contou com a presença de S. Exa., do Dep. Adão Preto e de lideranças do Movimento Sem-Terra do Rio Grande do Sul, ressaltando que passagens do mesmo dizem respeito a denúncias de sua autoria, formuladas da tribuna desta Casa. O Ver. José Alvarenga falou sobre a greve deflagrada pelos previdenciários, que somam-se às diversas outras categorias da esfera federal para protestar contra a política salarial do governo a eles aplicada. Disse dos motivos que os levaram a decidir pela paralisação, e que os mesmos prejudicam, ainda, aposentados e pensionistas que dependem da Previdência Social. O Ver. Ervino Besson falou de encontro político-cristão realizado em Vila desta Capital, e que contou com a participação de Vereadores da Casa e de outros Municípios, bem como de Bispos e outras autoridades, dizendo ter sido o mesmo muito produtivo. Referiu-se também, a encontro do qual participou, juntamente com outros comerciantes, lamentando que oitenta e sete por cento dos mesmos apoiem a candidatura de Fernando Collor de Mello à Presidência da República, dizendo acreditar na reversão desse quadro, e apelando aos Vereadores da Casa no sentido de que colaborem para isso. O Ver. Adroaldo Correa, reportando-se ao pronunciamento do Ver. Ervino Besson, quanto a candidatura de Fernando Collor de Mello à Presidência da República, disse considerar importante a manifestação de S. Exa., e que as qualidades do referido candidato residem na ausência de projeto consolidado da burguesia, da direita organizada, que é de não vincular-se organicamente a um partido, a fim de não ser cobrado por esse por compromissos que venha a ter nas bases do povo. Declarou que aquele candidato não está ligado a partido enraizado entre camponeses, trabalhadores, classe média, empresariado, mas que receberá apoio desses setores, pela falta de propostas que esclareçam o seu programa, e principalmente, devido aos instrumentos utilizados para divulgar sua imagem perante a opinião pública, destacando que o compromisso maior dessa candidatura é com a manutenção do monopólio ideológico da Rede Globo de Televisão e com os interesses dessa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Omar Ferri afirmou que a candidatura do Sr. Fernando Collor de Mello veio para ficar, e que, no seu entendimento, representa a reconstrução da direita, classificando o candidato em questão de anti-político. Fazendo uma análise do perfil dos demais candidatos, disse que, por exclusão, cinco a sete estudantes de um total de dez, escolhem Collor de Mello, pois ele retrata o novo político. Afirmou, ainda, que o candidato é mais um episódio, mais um capítulo acionado pela direita brasileira ligada ao reacionarismo internacional. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Giovani Gregol esclareceu incidente, no âmbito da Comissão de Inquérito estabelecida para apurar denúncia de fraude em relação à venda de vales-transporte pelo Executivo Municipal, referente à falta de “quorum” para as respectivas reuniões. Em relação à candidatura de Fernando Collor de Mello à Presidência da República, considera a mesma preocupante, em razão dos instrumentos utilizados para a divulgação de sua campanha. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Edi Morelli saudou a ex-Vereadora Teresinha Irigaray, dizendo que a mesma retornou às origens ao filiar-se ao PTB. Reportou-se a denúncia, de sua autoria, feita há algum tempo nesta Casa, quanto a situação dos macacos que vivem no Parque da Redenção, os quais não tinham o que comer. Leu correspondência de Secretário do Estado do Rio Grande do Sul, e de outros órgãos daquela esfera, as quais dão notícia de solução para o referido problema, através da CEASA, que forneceria alimento àqueles animais. Criticou s Secretaria Municipal do Meio Ambiente, dizendo do desinteresse da mesma quanto a aplicação das medidas necessárias àquela solução oportunizada pelo Estado. O Ver. Vieira da Cunha referiu-se à candidatura de Fernando Collor de Mello à Presidência da República, manifestando-se despreocupado com as pesquisas que apontam o mesmo como candidato preferencial, de vez que os institutos responsáveis pelas estatísticas são os mesmos que divulgavam elevados índices em relação a candidatos como Antônio Brito e Guilherme Socias Vilella no passado. Disse, ainda, que é hora das forças progressistas unirem-se em torno de uma só candidatura, a fim de combater a de Fernando Collor de Mello, a qual seria, no seu entender, a de Brizola, para Presidente, e Lula, como Vice-Presidente. A seguir, o Sr. Presidente apregoou Requerimento do Ver. João Dib, solicitando que seja ouvida a Comissão de Justiça e Redação da Casa, quanto a legalidade dos reajustes das tarifas de água e esgoto, praticados pelo Executivo Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio Koutzii disse ter ficado surpreso com posição adotada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, que, relativamente à regulamentação para distribuição de folhetos e prospectos em Porto Alegre, estaria informando que a distribuição dos mesmos ficaria sujeita à apreciação por aquela Pasta. Referiu contato feito com aquela Secretaria, em relação ao assunto, discorrendo a respeito. Reportando-se ao pronunciamento do Ver. Vieira da Cunha, sobre a candidatura mais oportuna para a Presidência da República, salientou que nenhuma aliança política séria é feita fora de bases programáticas, examinadas com rigor, e que seu Partido e o do referido Vereador têm seguido caminhos diferentes na forma de construção de seus espaços políticos, não podendo uma aliança, ser discutida superficialmente. O Ver. Luiz Machado afirmou que o PMDB, o PFL e o PDS são os responsáveis pelo crescimento da candidatura de Fernando Collor de Mello à Presidência da República, referindo que os candidatos apontados por eles para concorrer ao cargo não representam a vontade das respectivas bases. Nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e cinqüenta e um minutos, comunicando a realização, a seguir, de reunião conjunta de Comissões, a fim de serem analisados diversos projetos, e convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Wilton Araújo e Adroaldo Correa, e secretariados pelo Ver. Adroaldo Correa. Do que eu, Adroaldo Correa, 3º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Com a palavra, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, mostrada uma bola, perguntaram: “É preta ou é branca?” Respondeu alguém: “É branca”. Aí, tiraram a bola e outro disse: “É preta.” Na verdade, era preta e branca. E é a verdade que eu quero que seja estabelecida no problema da cobrança da tarifa d’água, por isso é que estou encaminhando à Mesa Requerimento para que seja ouvida a Comissão de Justiça em razão da cobrança, no meu entendimento de engenheiro, irregular, da tarifa d’água. Ontem, debatendo o problema com o Diretor do DMAE, ele me dizia que o aumento de tarifa é inferior ao aumento da inflação e que eu apenas estava examinando um pequeno lapso de tempo. Mas, na realidade, lendo a lei, ela diz, textualmente, que mensalmente será acrescido, na tarifa d’água, o IPC. Servidores municipais tiveram os seus reajustes inicialmente fixados em 40.36, que seria o INPC de janeiro mais o IPC de fevereiro e, aí, a tarifa aumentou em cinqüenta e poucos por cento. Mas, de qualquer forma, mesmo considerando 70.28, do IPC de janeiro, que não corresponde aos 31 dias do mês de janeiro e, sim, a um espaço de 51 dias, eu teria que considerar a tarifa a partir de 31 de dezembro do ano passado. O que ocorreu neste ano? Se eu aplicar as correções inflacionárias em cima do número 100, eu vou obter 284 em junho, considerando os 70 de janeiro; e se eu aplicar sobre as tarifas os acréscimos, vou ter 315, portanto, 30 pontos a mais. Esse material estou encaminhando à Casa para que a Comissão de Justiça diga se realmente é mês a mês, porque nos meses de março e abril o IPC foi de 13.84 e foi esse o reajuste encaminhado ao funcionalismo, diferente daqueles 76% reconhecidos e não pagos e que, agora, pretende-se pagar no ano que vem. Quando as Lideranças quiseram colocar prazo, fui um dos que foram contrários à colocação de prazo e vejo que está-se levando a questão para o ano que vem. Mas é diferente o tratamento dado à tarifa e ao funcionalismo. Agora, no mês de junho, o IPC é de 9.94 e o acréscimo na tarifa é de 10%. Então, está errado, 9.94 não é 10%, 13.84 não é 20%. Por isso, quero que a Comissão de Justiça da Casa dê sua opinião para que possamos definir essa verdade, se é preto, se é branco. Porque o PT parece ser o dono da verdade. Ontem mesmo, num debate na televisão que vai ser levado ao ar amanhã, S. Exa. o Sr. Vice-Prefeito dizia que o relacionamento com a Câmara é excelente, mas que só a Bancada do PT é boa, o resto não presta! O resto é contra a intervenção, o resto quer o caos! Não parece que seja verdade. Acho que o relacionamento não é tão bom e disse isso ontem. O Conselho Municipal de Transportes foi alterado, por decreto, em janeiro, mas há uma lei que criou o referido Conselho. A Câmara, que se dane! A intervenção foi feita, o Governador tomou ciência e a Câmara, porque exigiu, tomou conhecimento, recebeu pedido de desculpas. E outras medidas semelhantes têm acontecido. Há muito boa vontade da Câmara e me parece que o Executivo é dono da verdade. É o único que sabe de todas as outras administrações, os últimos 40 anos de administração não serviram a esta Cidade. Mas, agora, nestes cinco meses e meio em que nada foi feito, em que só temos reclamações de buraco, de iluminação, de praças abandonadas, de lixo nas ruas, agora está tudo certo. Nosso Prefeito Continua viajando, nosso Vice-Prefeito assumindo legalmente em seu lugar e é tudo certo, desde que se concorde com a Administração. Se discordarmos, se tentarmos dialogar, fazem o que fizeram com as Lideranças e a Presidência: aqui cessa a participação da Câmara Municipal. Se fazemos uma comissão, é a Comissão “das Fichinhas”. Não é uma comissão para tratar de um problema sério que aflige esta Cidade, é a Comissão “das Fichinhas”.

Então, tudo que a Câmara tenta se diminui e o Executivo, pelos seus erros deve crescer, porque até agora não mostrou ao que veio. Interveio nos transportes e nós temos um transporte muito pior, reconhecido pelo Executivo. Ontem, o Sr. Vice-Prefeito dizia no programa que eu citei que o Prefeito veio aqui e mostrou todos os números e ninguém contestou e eu disse que não era verdade, que eu vou continuar contestando e vou contestar ainda outros dados, apenas foi falta de oportunidade. Disse, claramente, que o Prefeito é mal assessorado por técnicos de coisa nenhuma, quando ele dizia que o prejuízo dado a empresa Sudeste, diário, era de Cz$ 100.000,00 a Cz$ 150.000,00 e eu disse que esse valor era a receita total do sistema de transporte coletivo urbano. Como poderia ser o prejuízo diário? Daí ele me disse que não, que era mensal. Mas não era o que estava escrito, mas mesmo mensal ainda não será esse. Então, essas coisas vão-se somando e nós queremos a verdade, somente a verdade, e queremos participar, dando a nossa colaboração, a nossa contribuição, levando a nossa experiência e o nosso conhecimento, se for desejado. Eu acho que essa é a posição dos 33 Vereadores. Ninguém quer o mal desta Cidade, nós representamos a Cidade, nos escolheram, porque acreditavam em nós. Então, nós vamos tentar dar o melhor de nós e que os problemas que estão aí possam até ser transformados em soluções e que nós tenhamos muito mais soluções do que problemas. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo inscrito é o Ver. Heriberto Back, que está ausente. Próximo inscrito é o Ver. Gert Schinke.

 

O SR. GERT SCHINKE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, vou aproveitar o tempo de Comunicação que tenho a minha disposição no dia de hoje para comentar os procedimentos da SMAM em relação a ocupação de alguns espaços urbanos de maneira irregular que se consumaram no decorrer dos últimos anos em nossa Cidade, em especial, aqui, quero fazer referência a praça Leonardo Macedônia que acaba sendo palco de uma ação da SMAM, da Administração Popular, portanto, para o desalojamento de um comércio de automóveis que estava ocupando aquela praça, evidentemente, tudo de maneira legal com contrato de locação, etc., mas que no entender da Administração Popular venha a incorrer num grave problema e que não se resume só naquela praça, mas há muitos outros logradouros públicos, como aqui já levantamos o problema com relação ao Projeto adote uma praça e que embora tenha consumado a viabilidade de três adoções que foram no nosso entender, no entender da SMAM, bem feitas porque as empresas se empenharam para viabilizar o Projeto paisagístico, o resto do Projeto não vingou porque o resto do Projeto não tinha uma orientação, no nosso entender, correta. A ocupação da praça Leonardo Macedônia, no nosso entender, vem em função de uma política que era adotada na Cidade de trocar espaços privilegiadíssimos, como essa no caso, flagrante, uma praça pública, alugando isso a iniciativa privada. Não somos contra a que surjam empreendimentos dessa natureza na Cidade, não somos contra, não somos contra a iniciativa privada em circunstâncias em que ela não venha a prejudicar as áreas públicas da Cidade que devem servir de usufruto da Cidade, do cidadão, áreas gratuitas, de usufruto gratuito, que servem para embelezar a nossa Cidade, que possam servir de lazer das crianças. O que não acontecia com a Praça Leonardo Macedônia. Eu venho aqui enfatizar esse acontecimento que ontem culminou com a entrega da citação judicial, para desocupar essa praça, porque a Prefeitura entende que essa praça deve ser viabilizada como tal, para o objetivo que originalmente era concebido, e não para o comércio de automóveis. E ontem, então, isso foi feito, foi dado um prazo para retirada desses automóveis, que nós entendemos como uma política extremamente correta e audaciosa que a Administração vem empreendendo na gestão do nosso ilustre companheiro, ex-Vereador, Caio Lustosa.

 

O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu não tenho todos os detalhes sobre esse caso particular, dessa determinada praça, mas ao que me consta, Vereador, não se tratava de uma praça, propriamente dita, era uma área destinada a Praça, e ao que me consta inclusive abandonada e servindo de depósito de lixo, e foi realmente cedida a um particular. Mas, segundo as informações que tenho, essa cedência se deu a título precário, de modo que o Executivo, no momento em que quisesse, pudesse tornar sem efeito essa cedência. Portanto, não houve uma cedência, uma entrega desse espaço público a um particular, e sim momentaneamente uma cedência a fim de que aquele terreno não continuasse servindo de depósito de lixo, como vinha acontecendo, até que o projeto da praça pudesse se efetivar.

 

O SR. GERT SCHINKE: Eu não tenho conhecimento de que essa praça servia de depósito de lixo, ao que me consta não é. Talvez V. Exª esteja confundido essa área com a Praça Breno Vignoli, que, conforme denúncia do Ver. Ainhorn, estaria servindo de depósito de lixo, e até, em certa medida, correspondia a verdade, na medida em que algumas pessoas, com falta de civismo, vinham depositando lixo, embora o DMLU faça o recolhimento de lixo naquela área. Mas acolho o seu aparte apenas querendo dizer e esclarecer que, com essa medida, estamos questionando a política de aluguel dessas áreas para a iniciativa privada. E é nesse sentido que vai a nossa crítica a algumas iniciativas feitas nas administrações anteriores. Mas quero aproveitar o meu tempo do dia de hoje para me reportar a um acontecimento político-cultural, que teve lugar na nossa Cidade, ontem, da maior importância, pois assistimos ao debate e ao lançamento do livro de autoria do Frei Sergio Görgen, que se chama “O Massacre da Fazenda Santa Elmira”, do qual participaram ele, o Dep. Adão Preto, e lideranças do Movimento Sem-Terra do RS, e ressaltar que uma passagem desse livro faz referência a uma denúncia que formulamos desta tribuna, dias após ter acontecido o fato, que, no nosso entender, é extremamente relevante, de uma política que existe com relação ao tratamento da questão fundiária da questão do campo a ação das autoridades com relação ao movimento, e ações da UDR e dos fazendeiros da região interessados em desalojar, ou se contrapor ao movimento dos sem-terra. Fizemos alusão a esse fato, e denunciamos quando do sobrevôo de um avião pulverizador de agrotóxicos em cima do acampamento da Fazenda Rincão do Ivaí, lá no Salto do Jacuí, onde estavam acampados os sem-terra, já há algumas semanas, o que redundou na morte de quatro crianças, imediatamente, e outras que foram acabar hospitalizadas e com conseqüências para o resto das suas vidas. Isso está assinalado nesta passagem aqui do livro num pequeno sub-capítulo onde diz crianças assassinadas dá o nome dessas crianças que estão aqui arroladas, eu faço votos que todos os ilustres Vereadores da Casa adquiram esse livro que no nosso entender é muito mais do que um simples relato, de um massacre da Fazenda Santa Elmira, mas ele se consubstancia num documento histórico, num registro histórico de várias lutas dos sem terras e desse movimento aí que aponta para fazer a Reforma Agrária no nosso Estado. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. José Alvarenga.

 

O SR. JOSÉ ALVARENGA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na data de ontem, dia 12.06, foi deflagrada a greve dos servidores federais, em Brasília. Os Ministérios da Esplanada dos Ministérios estão paralisados e os servidores públicos federais começam a paralisar também suas atividades nos outros Estados. Essa greve dos servidores federais, que vai atingir cerca de 700 mil trabalhadores do nosso País, se soma à greve já deflagrada por cerca de 150 mil servidores das Universidades, e 230 mil trabalhadores na Previdência Social. Os servidores das Universidades já estão em greve há mais de um mês, e os previdenciários já paralisaram as suas atividades desde o dia 01.06. Essa greve busca, em primeiro lugar, o fim da discriminação dos servidores públicos federais que, através da medida provisória número 56, estão afastados da política salarial geral do governo e dos empresários. Os trabalhadores do País terão apenas reajustes trimestrais. Nós exigimos o fim desta medida provisória e a nossa inclusão, como trabalhadores do País, no política salarial que rege os outros companheiros. Além disso, nós exigimos a recuperação do nosso salário, do índice de 76,33%, que é a defasagem salarial da nossa categoria a nível nacional, calculada de janeiro ao mês de maio. Isto já deveria ser pago no dia 1º de junho e nós já estamos descontando daí os 30% que recebemos no mês passado. Hoje, nós temos uma audiência com o Ministério do Trabalho, com o Ministério do Planejamento e Ministério da Fazenda, às 17 horas, em Brasília e nós esperamos, sinceramente, que o Governo, através de seus porta-vozes, formule uma proposta que atenda as reivindicações da nossa categoria.

Nós, enquanto previdenciários, há duas semanas notamos na imprensa uma série de artigos que buscavam nos responsabilizar pela fraude e pelo roubo que assola o Ministério da Previdência Social, inclusive se encontrou um ou outro previdenciário que realmente estava ligado a gangues que praticam a fraude contra os fundos da Previdência e contra os trabalhadores do País.

O nosso Sindicato dos Previdenciários do Rio Grande do Sul exige imediato afastamento e punição de todos estes trabalhadores que estão ligados a essas gangues, mas alertamos que estes trabalhadores, embora sejam punidos, por este simples fato, não cessará a dilapidação do patrimônio da Previdência Social e não cessará a fraude nacional contra o nosso Ministério, senão vejamos: hoje, se calcula em 12 bilhões de cruzados novos o déficit do Ministério de Previdência e Assistência Social. A receita do MPAS, a receita vinda do percentual cobrado das empresas e do percentual cobrado sobre o salário dos trabalhadores, que deveria ser utilizado no pagamento de aposentadorias, pensões e outros tipos de benefícios, e com os salários dos servidores, não o é. Toda esta receita, infelizmente, é unida a outras receitas da União, as outras receitas do Governo Federal e este bolo todo acaba sendo gasto no pagamento dos juros da dívida interna. O Governo brasileiro - esta é uma política do governo Sarney e do governo anterior - paga juros altíssimos para os banqueiros nacionais para poder rolar a sua dívida interna. Os cálculos feitos pelo Senador do PMDB Almir Gabriel, do Pará, dão conta de que atualmente 12 bilhões de cruzados novos são gastos para o pagamento dos juros da dívida interna, e grande parte deste dinheiro vem exatamente da receita da Previdência Social, que já foi somada à receita geral do governo. Desta forma, não há recursos para o pagamento das aposentadorias, das pensões, dos benefícios e nem dos salários dos servidores previdenciários. Para superar este problema, o governo utiliza o dinheiro do FINSOCIAL, dinheiro arrecadado das empresas, e com esses recursos paga as aposentadorias com uma imensa defasagem; paga as pensões, os benefícios; e paga os salários dos servidores previdenciários, que já estão com uma defasagem, como eu afirmei no início, de 71.31%. Fruto de toda esta situação, o governo é obrigado a arrochar ainda mais o salário dos servidores e, por isso, os afasta da polícia geral salarial do governo. Além disso, esse mesmo Senador Almir Gabriel, do Pará calcula que 40% da receita mensal do Ministério da Previdência e Assistência Social não é recolhida; 40%, quase metade do que deveria entrar nos cofres da Previdência para o Fundo de Previdência Social, do Ministério da Previdência Social, é desperdiçado, através da sonegação ou através da simples isenção de impostos, política também adotada pelo Ministério de Previdência e Assistência Social, pelo Ministro Jader Barbalho, e pelos Ministros anteriores. O Governo, diante desta situação, não apenas penaliza os servidores previdenciários, mas também penaliza os pensionistas e aposentados. Através da Medida Provisória nº 63, o Governo Federal ameaça reajustar os benefícios dos aposentados e pensionistas apenas uma vez a cada três meses, um reajuste trimestral, quando deveriam, como o salário-mínimo vai ser reajustado mensalmente, ter seus benefícios reajustados também mensalmente. O governo claramente descumpre a Constituição e diz que vai pagar apenas trimestralmente os benefícios dos aposentados e pensionistas. Além disso, diz que vai pagar esses benefícios sobre um valor inferior ao do salário-mínimo que provavelmente vigorará em nosso País. O Governo Federal diz que vai pagar sobre 80 ou 90 cruzados, e não sobre 120. Aliás, o governo isola os previdenciários e os servidores federais da política salarial geral e como dá reajuste trimestral para os pensionistas e aposentados, também dá reajuste trimestral para os servidores públicos federais. Além disso, há uma política de saúde adotada pelo Governo Federal que atualmente se chama Sistema Único de Saúde que repassa vultosos recursos do Ministério da Previdência e Assistência Social, particularmente recursos que deveriam ser gastos pelo INAMPS, para o Estado e para o Município. Atualmente, vários desses Estados e Municípios inclusive não estão recolhendo aos seus cofres o valor que o Ministério de Previdência e Assistência Social deveria repassar em virtude de não prestarem contas dos gastos feitos com esses recursos. Então, o Ministério de Previdência e Assistência Social suspendeu esse repasse de verbas. O resultado disso é uma total crise no sistema de saúde federal, na rede de saúde do INAMPS. Atualmente as farmácias do INAMPS não possuem remédios, as enfermeiras do INAMPS não têm sequer seringas. O segurado, quando procura um posto do INAMPS, é, muitas vezes, orientado a comprar uma seringa numa farmácia para depois retornar ao posto para lhe ser aplicada a dose de medicamento necessária. Não se encontra gaze nem esparadrapo nas enfermarias dos postos do INAMPS. Há uma imensa quantidade de aparelhos nos postos do INAMPS totalmente desaproveitada. É o caso do Santa Maria, do Posto 3, da Vila IAPI. Então, essa situação não pode continuar e a greve dos previdenciários, e a greve dos servidores públicos federais vai divulgar todas essas informações para a opinião pública porque ela precisa estar informada sobre o que acontece com a saúde pública neste País, sobre o sucateamento que sofre a saúde pública em virtude da política do Governo Sarney e do Ministério da Previdência Social, que está voltada apara atender o interesse dos banqueiros privados e dos grandes empresários. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gert Schinke fez transposição de tempo com o Ver. Giovani Gregol que, por sua vez, faz transposição com o Ver. Ervino Besson. Com a palavra, o Ver. Ervino Besson.

 

O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no último fim-de-semana tivemos um encontro de políticos cristãos, na Vila Betânia. Participaram do encontro o Líder do PDT, o do PMDB, o do PL, PDS, PT e nós tivemos a honra de participar desse encontro com mais dois colegas Vereadores desta Casa, o Ver. Vicente Dutra e o companheiro Artur Zanella. Foi um encontro que marcou muito por tudo o que se viu, por tudo o que se assistiu, pelas palestras apresentadas, inclusive três Bispos se pronunciaram, além das Lideranças de todos os Partidos que lá estavam presentes. Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que mais nos chamou a atenção nesse encontro foi o relato feito pelo Bruno Kneist, Prefeito de Brochier pelo PDS, referentemente aos problemas que está enfrentando na administração do novo Município. Outro companheiro, o Luiz Gabriel da Silva, Vereador de Campo Novo, pelo PDT, também se pronunciou e tanto ele quanto o Bruno demonstraram sua satisfação por terem participado desse encontro e trazido o problema de seu povo, da sua cidade e a maneira satisfatória de como foi terminado o mesmo. Disseram também, com um sorriso nos lábios, com ar de alegria, que muitas coisas boas, levariam para sua terra, para seu povo, o que aprenderam neste encontro.

Fica, aqui, o meu convite aos Companheiros para que quando houver novos encontros desta natureza, que à medida do possível, quando os nobres Companheiros tiveram oportunidade, participem porque são de muita importância para todos nós.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, entristecido hoje venho a esta tribuna levar ao conhecimento de V. Exas que, hoje pela manhã, tivemos um encontro de comerciantes, praticamente foram dois encontros e terminamos com um almoço na Casa de um deles. Mas, como estou há trinta anos no comércio e tenho um largo conhecimento, uma grande amizade com uma parcela de comerciantes da Zona Sul, de Canoas, de São Leopoldo, da Vila Scharlau, o que me deixou entristecido foi que, trocando idéias com esses comerciantes - e eu sabia que ali tinha comerciantes do PDT, do PT, do PMDB - senti desses comerciantes que 87% dos presentes estão apoiando o Sr. Collor de Mello. O pessoal, vendo a minha tristeza, o meu abatimento, a troca de idéias foi se sucedendo e digo a V. Exas: se o quadro não se inverter, nós, e todos os políticos de nosso Brasil, vamos ter de amargar, já no primeiro turno, uma derrota, lamentavelmente. Digo isso a V. Exas por quê? Sabendo e conhecendo a liderança desses comerciantes é um problema que nos preocupa. Portanto, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, pela primeira vez ocupo um cargo político, tenho pouca experiência política, ainda, mas tenho a honra de participar aqui nesta Casa com políticos honestos, inteligentes e preocupados com essa Nação. Portanto, fica aqui o meu apelo, deste modesto Vereador Ervino Besson, para que tentássemos, sinceramente não sei de que forma, mas tentássemos inverter esse quadro político que hoje enfrenta a nossa Nação.

 

O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) A preocupação de V. Exª é lógica e aceitável e até a tristeza que eventualmente possa se apossar de sua alma jovem e idealista, mas em política, Ver. Besson, nem sempre quem ganha é o vitorioso e V. Exª deve admitir nessa hora é que nós, do PDT, e acredito que todos os demais companheiros de outros partidos, estamos dentro de um projeto sério, de uma proposta honesta, de uma proposta aberta à Nação brasileira, enquanto que esse candidato citado por V. Exª está num projeto falso, sem qualquer estrutura partidária, sem qualquer passado, sem qualquer história política que credencie sequer para ser candidato, pois é candidato de si mesmo. Agora, indiscutivelmente, hoje, estamos vivendo o regime democrático, veja V. Exª que há poucos quilômetros daqui, numa grande Nação amiga, o Presidente eleito de forma majoritária pelo povo argentino está renunciando ao seu mandato no dia 30 de junho, após uma eleição também democrática em que o povo escolheu um candidato adversário, o Sr. Menen, do partido Peronista. Acredito que esta virada que V. Exª refere venha a ocorrer ao longo da campanha eleitoral, nós estamos ainda com candidatos anunciados como tal, nosso partido sequer realizou sua convenção, e sequer começou de forma extensiva a campanha eleitoral. Ainda acredito que o povo brasileiro esteja devidamente politizado para escolher dentre os candidatos, com estrutura partidária, aquele que venha a dirigir a Nação Brasileira. Se isto não ocorrer, se uma rede de televisão tiver mais força, se a mídia eletrônica tiver mais força que o argumento e o discurso da história dos nossos políticos, não passará de uma fase, de uma etapa da vida nacional, o importante é que Collor, Brizola, Lula, Ulysses ou Maluf, seja quem for, seja eleito pelo povo, e o povo tem o direito de errar, e normalmente, numa nação democrática, o povo tem o governo que merece.

O SR. ERVINO BESSON: Agradeço ao Ver. Dilamar Machado que enriqueceu o meu discurso. Para terminar, ainda acredito numa reviravolta. Nós sabemos que a televisão, a imprensa escrita e falada, ela penetrou, virou a cabeça de muita gente, não sei como. Mas, ainda acredito que a nossa força, a nossa presença física perante este povo da Cidade, este povo do interior ainda vai inverter este quadro. Agradeço.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo Vereador inscrito é o Ver. Flávio Koutzii, que cede seu tempo ao Ver. Adroaldo Corrêa.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srª Vereadora, achamos importante a manifestação feita pelo Ver. Ervino Besson, mas achamos preocupante o clima que foi feito, na medida que mostra na figura sensível do Ver. Ervino um certo ar de - como diria o nosso secretário - obumbrado na cena brasileira e que levaria a uma perspectiva de continuidade deste ar de clima denso e obscuro a reconhecer, desde já, que está certa a fantasia e está certo aquele que apenas parece, - “levaria”, e não disse leva - e quando nos parece que é, e nós acatamos, talvez a gente não venha a exercer de fato aquilo que deva ser. Na verdade, vamos reconhecer, objetivamente, onde estão as qualidades de um produto de mercado bem elaborado chamado Collor de Mello? Estão na ausência, como se disse aqui ontem, de projeto consolidado da burguesia, da direita organizada, ou está no projeto da burguesia em nosso País, que é justamente não se vincular organicamente a um partido, para não ser cobrado por esse partido o compromisso que venha a ter nas bases do povo? Porque é isso que faz aparecer um candidato inorgânico com a perspectiva de se alçar à liderança no País. O único compromisso que tem Collor é com a moral; o único compromisso que tem Collor, é com o bom; como se bom e moral fosse suficiente para definir o que uma pessoa possa fazer numa Presidência da República, num País dividido em classes, onde uma classe explora a outra e o trabalho em nosso País não tem o valor que deveria ter. E, merecidamente, os trabalhadores têm levado a efeito suas lutas para fazer a inversão do ponto de vista da classe que defende, dos valores em nossa sociedade.

O candidato Collor de Mello não está ligado a um partido que tenha raiz entre os camponeses, entre os trabalhadores, na classe média, no empresariado. No entanto, vai receber apoio nesses setores, justamente pela falta de propostas que esclareçam o seu programa. É o bom, é o jovem, e talvez, para os parâmetros de alguns, o belo. E, como não se levantam os critérios a respeito do seu comportamento passado, passa a ser impoluto. Na verdade, não é nada disso, o compromisso maior dessa candidatura é com a manutenção do monopólio ideológico da Rede Globo, sim, mas com o monopólio ideológico que a Rede Globo, levando adiante, faz permanecer no nosso País os interesses do grande empresariado, do latifúndio, o interesse imperalista. Isto é difícil de conversar com a população, se não se tem uma proposta radical que objetivamente desmistifique a dominação imperialista no nosso País. Está a exigir esta campanha a radicalidade das propostas, não do discurso, na organização dos trabalhadores que enfrentam esta exploração, esta dívida internacional feita no Brasil, de cento e trinta milhões de dólares, e que nos levaria a uma perspectiva, sim, com o saldo dela, com o saldo de pagamento, ter recursos dos mais ricos em todas as Nações do mundo, para inverter no nosso País. O que está acontecendo, neste momento, em que o partido burguês, que não aflora numa legenda, mas existe organizado na FIESP, existe organizado na UDR, com o seu apoio, existe organizado nas associações dos grandes comerciantes, embora esses até candidatos tenham? O que está acontecendo? Está acontecendo um desaguadouro, onde, os compromissos de um candidato, com propostas programadas, possa elevar a uma estatura do descompromisso, o que a burguesia pretende continuar fazendo no nosso País, que é explorando, fora da Lei, sem salários dignos, sem políticas sociais, sem o compromisso com o povo, de fato, com a soberania nacional, o trabalho dos brasileiros para remeter o resultado deste trabalho ao exterior. Neste intervalo, porque, a dificuldade social, a situação de miséria em que vive o povo brasileiro, 70% a 80% excluídos do processo econômico começam a enfrentar esta candidatura, porque onde se organizam os trabalhadores e reconhecem os seus interesses, se organizando os trabalhadores reconhecem os seus inimigos e os seus aliados. Tanto é, que não é à toa, que o setor empresarial, neste País, começa a articular uma campanha daqueles que lutam pela soberania nacional, de enfrentar a dívida externa, de ter um saldo de caixa para investimentos e políticas públicas. O Sr. Mário Amato, Presidente da FIESP, faz esta proposta já no segundo dia nos jornais: tem que se dar um fim ao pagamento da dívida externa. Ontem, ele dizia: até 15 de novembro. Hoje, ele adenda, para ser tratada pelo próximo Presidente da República, numa renegociação. É uma bandeira séria, é a bandeira dos trabalhadores, é uma bandeira de quem enfrenta objetivamente, com radicalidade, as questões que estão presentes no movimento social brasileiro e dele fazem do País dependente do capital internacional. Qual o interesse de Amato? É que uma fantasia não dura por muito tempo. Dizem que, no Brasil, a moda, no máximo, dura seis meses. Esta moda já tem dois ou três meses. Nós, um País de iconoclastas, sabemos que isso pode ser verdade, agora, com sustentação de políticas oriundas de recursos, economizados ao pagamento da dívida externa, essa candidatura pode começar a ter um lastro. E o que acontece? Não a reedição da história de 1961, de 6 bilhões de votos de Jânio Quadros, que também era um candidato inorgânico que, por não poder fazer frente ao Congresso, que existia na época, nos interesses do Congresso, que até era mais partidário, talvez, do que este, repita, como tragédia, aquilo que aconteceu em 1961 e, posteriormente, em 1964. Então, o compromisso que devemos ter é de anunciar a perspectiva real deste País, que são partidos fortes, com bases organizadas, com propostas claras que defendam os interesses dos trabalhadores, que são a maioria deste País, e não apenas o bom, o novo, o belo, que são conceitos que variam de cabeça para cabeça. Onde está a base orgânica do Sr. Collor de Mello? Onde ele se alicerça? Na propaganda, e Goebbels já fez isso na Alemanha, fez isso, instrumentalizou um eloqüente orador que transformou uma Nação, e uma raça, em cima de uma perspectiva de superioridade. Diria eu que o Collor de Mello é fascista? Não, agora, do ponto de vista dos instrumentos que está utilizando para enganar o povo, justamente sem as propostas claras que oferece, sim, utiliza métodos nazi-fascistas. Concedo um aparte ao Ver. Dilamar Machado, não, desculpe, Ver. Luiz Machado.

 

O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Muito me honra ser comparado com o Dilamar, mas queria dizer que tenho uma opinião de que há muito tempo não temos partidos fortes, com ideologia definida; os candidatos, hoje, à Presidência da República superam os partidos, pois o Lula, em outro partido, teria o nome que tem no PT, como Brizola, como qualquer outro; eles estão superando os partidos, e o crescimento do Collor se deve a três partidos, que apoiaram um candidato antipopular, que não é o caso do PT, do seu partido, apoiaram candidatos que não tem respaldo da Nação, e acaba crescendo o Collor. E da onde vêm esses votos? É dos partidos que apresentaram candidatura antipopular.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Agradeço o aparte, embora não concorde com parte daquilo que V. Exª disse, queria registrar que Goebbels tendo feito o que fez com a Alemanha não deve ser comparado a Roberto Marinho com o que faz no Brasil, mas as similitudes, as semelhanças são muito próximas. O instrumento da propaganda da pedra que é furada pelo pingo d’água que tanto bate, este deve ser levado em consideração, porque a mentira, como dizia Goebbels, repetida mil vezes vira, assim, verdade e virou tragicamente na Alemanha e nós devemos, antes disto acontecer, antes das mil vezes, estarmos preparados para dar a Collor o que ele merece que é o lugar das Alagoas, talvez, ou da Prefeitura, pela via do regime militar, como ele chegou naquele Estado! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Liderança com o PSB na palavra de seu Líder Omar Ferri.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, prezados colegas Vereadores, também vou meter a mão nesta massinha que está aferventando e é muito gostosa. Só acho o seguinte: eu e a minha vasta Bancada consideramos - e eu posso dizer tranqüilamente que eu tenho a unanimidade na minha Bancada, não existem nem divisões, não acontece como acontece com o PDT, com o PT, aqui o negócio é unanimidade, consenso total e não temos tendências, Ver. Flávio Koutzii, nenhuma tendência. A Bancada é monolítica.

Por isso a Bancada do PSB considera que o proselitismo político não é aquilo que aparece na superfície e nas notícias de jornais. A política é científica. Nós temos que examinar com muito cuidado estas coisas. A candidatura Collor de Mello, podem ter certeza, veio para ficar. Na minha opinião, absolutamente, não é fogo de palha, porque ela representa a reconstrução daquilo que se destruiu. É a direita deste País golpeada em 1954, golpeada pelo Marechal Lott, depois em 1955, no dia 11 de novembro, e, golpeada por Tancredo Neves há dois ou três anos atrás, que se reorganiza aí, se personifica na candidatura Collor de Mello. Não tenho dúvida nenhuma. Vou até profetizar um resultado espantoso aqui, vou desgostar a ala da direita não no sentido ideológico. Pois não é que o Governador Leonel Brizola já afirmou várias vezes que quando ele for Presidente da República vai destruir a Rede Globo. E a Rede Globo inventou contra veneno, pegou o Collor de Mello, elege o Collor de Mello e destrói o PDT, ou pelo menos o Brizola morre nessa, podem anotar. Está a direita se reorganizando. Agora, porque o Collor de Mello? Os senhores peguem 10 estudantes dos 16 anos que o PT queria cooptar esses votos, no mínimo entre 5 e 7 são Collor de Mello. Porque este tipo de raciocínio? Por um simples processo de exclusão. No Ulysses não votam porque já mumificou. Aureliano representa o continuísmo. O Brizola está muito populista. Até está meio acertado aí contra aquilo que ele lutou de 1961 a 1964. Enfim, o Maluf, pelo amor de Deus, é o desastre da pureza nacional. Então tem aí o Jânio melhorado que é o anti-político, que tem-se apresentado como anti-político, ele é um político ideologicamente mais velho que o Matusalém, mas a versão é que ele é o anti-político, ele é a novidade, ele é o político novo, ele é a ventania tipo Jânio Quadros em 1960-1961. Esse homem escrevam, veio para ficar. Eu não diria, o Brizola até a pouco tempo atrás era o último lance da burguesia nacionalista, mas agora o Collor de Mello é mais um episódio, é mais um capítulo acionado pela direita brasileira ligada ao reacionarismo internacional para levar esta situação o máximo que podem. E esta situação não vai mudar, pelo menos na próxima década. Não muda nada, porque enquanto os patrões da Wall Street e o cérebro do terror que nos submeteu a esta escravização e que se chama CIA, o Pentágono, os Estados Unidos, a Europa, o Japão, as multinacionais, e os transnacionais estiveram de pé enquanto a Wall Street estiver de pé, o povo brasileiro estará de cócoras. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito é o Ver. Ervino Besson, que transpõe seu tempo com o Ver. Giovani Gregol.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu havia preparado a minha intervenção de hoje para tratar de outros temas, mas diz aqui o Ver. Omar Ferri, o negócio - no sentido pejorativo da palavra negócio - que prejudica o povo brasileiro - um dos negócios - é esta candidatura de Fernando Collor de Mello e eu também quero participar deste debate. Mas antes de continuar este debate que iniciou ontem aqui com várias intervenções, principalmente dos colegas da Bancada do PDT, queria dar uma pequena explicação diretamente ao Ver. Artur Zanella. É uma pena que ele não esteja aqui em Plenário, porque quando, Srs. Vereadores, da última reunião, da última Sessão da Comissão de Inquérito sobre o transporte coletivo da cidade de Porto Alegre, que foi chamada, inclusive, na sua abertura, graciosamente de Comissão de Inquérito das “Fichinhas”, quando da última reunião desta Comissão que abriu, funcionou e foi encerrada, por falta de “quorum”, por solicitação deste Vereador, eu havia dito na reunião, ao ser acusado principalmente pelo Ver. Isaac Ainhorn de impedir o prosseguimento dos trabalhos da Comissão, de impedir o depoimento que prestava o interventor de uma das empresas sob intervenção na Cidade. Sendo acusado por esse Vereador, eu respondi que, em primeiro lugar, quem impedia a continuidade dos trabalhos era o Regimento Interno desta Casa, que ele tanto sói acatar, pena que apenas quando lhe interessa. Então, fiz uma crítica dirigida àquelas Bancadas e aqueles Vereadores que, fazendo parte daquela Comissão de Inquérito, inclusive pedindo a sua criação, não sustentam o funcionamento daquela Comissão e inclusive não comparecem às reuniões. E uma das pessoas que eu citei, foi o Ver. Artur Zanella. No dia seguinte saiu na imprensa que eu havia feito essas críticas, mas quando as fiz, deixei bem claro que o Ver. Artur Zanella, que é vice-presidente da Comissão de Inquérito, não estava presente e não mandou representante. Sei que o Ver. Artur Zanella esteve aqui nesta tribuna na semana passada me criticando porque ele, sabidamente, havia ferido um pé andando pela Vila Restinga - ele gosta muito da Vila Restinga - e se encontrava impossibilitado em casa. Então, quero deixar claro que não cometi nenhuma injustiça com o Ver. Zanella, sabia que ele estava de licença de saúde e disse: “O Ver. Artur Zanella não está aqui. É vice-presidente da Comissão, pediu a sua criação e nem mandou representante.” Quando se sabe que a Bancada do PFL tem um suplente nesta Casa, o Ver. Aranha Filho, que o tem substituído em outras ocasiões, mas não naquela oportunidade, nem oficiosamente, nem estava aqui presente. Então, mantenho a minha crítica, sabia daquele acontecido e não cometi nenhuma injustiça. Apenas lamento a ausência do Ver. Artur Zanella aqui para ouvir a minha explicação.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu não tenho procuração do Ver. Artur Zanella mas, só a bem da verdade, como V. Exª é um amante do Regimento, deve entender que o Vereador, quando se licencia, não deixa representante, o substituto assume na plenitude da condição de Vereador, ele não é representante. O Vereador suplente que passa a desempenhar o mandato, deve ser convocado para a reunião. Ele não pode mandar para a reunião um representante, porque ele é um Vereador, e Vereador não tem representante. No momento em que ele se licencia, é a Casa que tem que convocar aquele Vereador para atos que se desenrolam aqui na Câmara de Vereadores. E só lamento que, na última reunião, V. Exª, infelizmente, não estivesse presente, não dando “quorum” para a realização da última CPI.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Ver. Isaac Ainhorn, o Ver. Artur Zanella poderia ter providenciado essa substituição segundo os trâmites da Casa e poderia pelo menos ter comunicado a seus congêneres a respeito da sua ausência.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) No momento em que o Vereador toma posse como Suplente lhe é informado a que Comissão ele passa a fazer parte, aquele que foi substituído não tem por que fazer qualquer comunicação.

O SR. GIOVANI GREGOL: Muito bem, Vereador, mas quanto a ausência já foi dito aqui na semana retrasada, na quinta-feira, inclusive pelo Líder da nossa Bancada, quando estávamos num número de oito Vereadores, se não me falha a memória, dos quais cinco Vereadores eram do Partido dos Trabalhadores, mais o Ver. Luiz Machado, mais o Ver. João Dib e havia um terceiro que não lembro o nome, eles estavam sustentando o “quorum”, tendo o nosso Líder dito que nós não cumpriríamos esse papel de sustentar o “quorum” da Casa, quando outras Bancadas, inclusive de oposição, vêm aqui, nos criticam e depois vão embora para dar entrevistas aos meios de comunicação.

Realmente isso tem acontecido em algumas sessões e tem acontecido também na Comissão de Inquérito. Então, nós entendemos e somos todos interessados no funcionamento da Comissão, tanto que a nossa Bancada tem sustentado reunião após reunião este “quorum”. As outras Bancadas também tem que cumprir a sua obrigação.

 

O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Fazendo um registro de que V. Exª está cometendo uma injustiça. A Bancada do PMDB desta Casa está permanentemente presente em sessões solenes, em sessões ordinárias e, até, nas extraordinárias. Então, naquela oportunidade em que o nobre Vereador Flávio Koutzii falou que o PT não daria mais “quorum” nós estávamos na Casa há 5 minutos antes aqui no Plenário e não estávamos efetivamente aqui no momento. Então, a Bancada do PMDB tem dado “quorum”.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Nobre Vereador, não acusei nenhuma Bancada especificamente, inclusive disse que o Ver. Luiz Machado, da sua Bancada, justamente, estava aqui presente, representando a Bancada. Nunca dissemos que não vamos dar “quorum”, apenas fizemos uma observação e uma advertência, perfeitamente justa, no sentido de que gostaríamos que todos estivessem presentes, que queremos “quorum”. Agora, não queremos sustentar, sozinhos, o “quorum”, como tem acontecido, tanto nas Sessões normais como nas Comissões de Inquérito, como é o caso da Comissão que estuda o problema do transporte coletivo. Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, finalizando, o tema “Collor”. Realmente, não sou pessimista, mas faço coro, não faço “Collor” a algumas das preocupações do Ver. Ervino Besson. Acho que a situação, realmente é grave e já tive oportunidade de dizer desta tribuna da infelicidade do comportamento, inclusive da tática eleitoral - e com isso não estou acusando ninguém, especificamente - que as forças de esquerda e de centro-esquerda têm usado, é o Brizola atacando o Lula, agora parou, está atacando mais o Collor, é o Lula respondendo ao Brizola e, enquanto nós dialogamos, enquanto brigamos, enquanto nos desgastamos mutuamente está aí o Sr. Fernando Collor, surgindo pela raia e bancado pela Rede Globo que não joga para perder. Pode, até, perder como perdeu para o Brizola no Rio de Janeiro, realmente a Globo fez um esquema para derrotar Leonel Brizola no Rio de Janeiro e não conseguiu porque lidou com um homem hábil, com um homem competente. Mas, desta vez, vamos admitir, nós falhamos e era de prever que alguma coisa dessas acontecesse. Nesse ponto, também faço uma observação crítica e também autocrítica, porque gosto daqueles que criticam mas que exercem, inclusive, a crítica sobre si próprios, não gosto dos que só criticam os outros. Mas, acho que a esquerda brasileira - e há muitas e honrosas exceções - ainda não entendeu bem, não elaborou bem e, principalmente, ainda não concebeu propostas ao que a classe dominante usa, hoje, como um dos seus principais instrumentos de dominação política e ideológica que são os meios de comunicação de massa. Enquanto estamos, muitas vezes, na era do tipógrafo, na era do Guttenberg, na era do panfleto, do panfletinho, que é muito bom, é necessário, a classe dominante usa o satélite e fabrica de forma extremamente competente e forte, os Collor de Mello, que no passado era o Jânio, hoje é o Collor, e no futuro pode ser outros, eu acho que chegou a hora de fazer uma avaliação, uma crítica, uma autocrítica e revisar muitas das nossas posições e dos nossos comportamentos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Inscrito para Liderança pelo PTB, Ver. Edi Morelli.

 

O SR. EDI MORELLI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu quero, em primeiro lugar, saudar, desta tribuna a retomada a suas origens, da ex-Vereadora Terezinha Irigaray, que ontem assinou ficha com o Partido Trabalhista Brasileiro.

Mas, Srs. Vereadores, estão lembrados da denúncia que eu fiz quando os macacos da Redenção passavam fome. Há recortes de jornais do dia dois de março de 1989, eu fiz a denúncia. No dia quatro de março de 1989, o Sr. Ruben Zam admitiu que faltaram verbas para compras, e atentem os Srs. Vereadores, de verduras e frutas para os animais.

No dia seis de março o Sr. Rubem Zam contrariou a afirmação do Ver. Edi Morelli do PTB, que denunciou em entrevista ao Jornal do Comércio que os macacos estavam passando fome, se contradizendo.

No dia oito de março o Sr. Secretário Caio Lustosa diz numa entrevista ao Jornal do Comércio: “SMAM alega falta de recursos. Utilizar a Lei Sarney, buscando recursos junto às empresas privadas, é a solução que o Secretário Municipal do Meio Ambiente Caio Lustosa está tentando para resolver o drama de fornecer ração adequada aos animais e aves do Mini-zoo, instalado no Parque da Redenção.”

Ainda no dia oito de março, eu entrei nesta Casa com uma Indicação (Lê a Indicação.) Depois tem as explicações. Estou com o ofício na mão datado de 2 de junho, assinado por Marcos Palombini, Secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento; Ofício do Engº Agrônomo Clóvis Silvester, Diretor-Presidente da CEASA; Ofício do Chefe do Gabinete do Sr. Governador do Estado Dirceu José Boniate. Bem, e estou tentando fazer contato com a SMAM e não consigo porque eles estão sempre em reunião. Hoje, o cúmulo, o Sr. Roque, que se identificou no telefone como Roque que é assessor do Secretário Caio Lustosa disse-me que estão assinando contrato com a Rede DOSUL para fornecimento de alimentos e outros equipamentos sobre a Lei Sarney, em outras palavras, que não há interesse da SMAM na doação. E, aí, fazem demagogia barata nos jornais, há quem faça política e há quem faça politicagem. Isso é politicagem que eles estão fazendo, porque a minha preocupação era com a falta de alimento com os animais e tentando buscar uma solução o Sr. Secretário não aceita a solução do problema. O Sr. Roque perguntou se essas doações não eram podres. É evidente que ninguém iria dar coisa podre para os animais. Então é difícil tentar buscar soluções, quando do outro lado acham que podem fazer tudo sozinhos e não aceitam ajuda de lado nenhum. E quando, no final, não fazem absolutamente, nada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Inscrito em tempo de Liderança o Ver. Vieira da Cunha.

 

O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ontem, ainda, me pronunciava sobre as pesquisas. Não poderia deixar de voltar ao tema, especialmente, depois de ouvir, alguém da respeitabilidade, da firmeza ideológica, como a do Ver. Omar Ferri vir a esta tribuna para afirmar que a candidatura Collor de Mello, na sua opinião, não é fogo de palha e que veio para ficar.

Não me preocupo com as pesquisas, porque estas mesmas pesquisas que agora dão 42% para Collor de Mello, é preciso refrescar as nossas próprias memórias, são as mesmas dos mesmos institutos de opinião, que no ano passado, nesta mesma época davam índices até maiores ao Sr. Antônio Brito, davam índices parecidos ao Sr. Socias Villela. Estes mesmos institutos, portanto, não me assusto com as pesquisas. O que me deixa receoso são os efeitos das pesquisas, principalmente quando noto que estes efeitos atingem homens públicos, de uma estrutura ideológica de um Omar Ferri, por exemplo.

É preciso, como disse o Ver. Giovani Gregol, e dizia ontem, nesta mesma linha de raciocínio, é preciso, isto sim, que nós que nos consideramos progressistas tenhamos competência, nesta hora, para desmistificar essa realidade posta, exatamente, por quem quer que as coisas sejam assim e continuem assim até o dia 15 de novembro. Eu não tenho dúvida alguma de que a expressão que Brizola usou, quando recém vinha a público essa candidatura de Collor de Mello, essa candidatura forjada, fabricada, Brizola utilizou a seguinte frase: “esse Collor não é uma pedra no meu caminho, é um torrão.” Com isso, eu acho que ele utilizou uma expressão, uma figura de linguagem que diz, representa muito bem, que é uma candidatura forjada, fabricada, e que vai acabar, na medida em que a população tomar conhecimento do que representa essa candidatura, e o que ela defende. E isso vai se dar às vésperas das eleições. Numa eleição democrática, que nós esperamos que essa seja, a verdade poder tardar a surgir, Ver. Elói Guimarães, mas ela chega, mesmo que seja às vésperas das eleições mas ela chega. E a Justiça eleitoral haverá de fiscalizar a democratização do uso dos espaços, dos meios de comunicação de massa, ao menos nas vésperas das eleições. Estão os candidatos não poderão fugir dos debates, como foge agora o Sr. Collor de Mello. E ali, frente a frente, ante as câmeras de televisão, o povo brasileiro vai formar a sua opinião.

Mas, eu volto a repetir, Ver. Gregol, utilizando a frase que V. Exª usou desta tribuna, é hora da auto-crítica. E aí, eu retomo o fio do meu pronunciamento de ontem, para dizer que é hora também, de as forças progressistas se unirem em torno de uma candidatura. E qual a candidatura que apresenta, neste momento histórico em que nós estamos vivendo, as condições de fazer frente a essa farsa, de liquidar essa candidatura criada pelos grandes meios de comunicação de massa, em especial a Rede Globo. Eu não tenho dúvida, Ver. Gregol, e, aí, eu acho que a autocrítica é necessária a todos nós, mas, em especial, ao PT. Que reflita muito e veja se não é a hora de reconhecer que esta não é ainda a vez do PT. E eu, pessoalmente, acho, e faço questão de salientar que não falo em nome da minha Bancada, até porque não tive oportunidade de discutir este assunto, e não vai, aí, nenhum sentido pejorativo, que esta era a hora de se formar uma chapa que, no meu entendimento, seria imbatível para disputar a Presidência da República. Brizola para Presidente e Lula para Vice-Presidente da República. Seria imbatível e, mais, liquidaria a eleição já no primeiro turno. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): A Mesa avisa aos Srs. Vereadores que recebeu o Requerimento do Ver. João Dib, datilografado e devidamente assinado, de que seja ouvida a Comissão de Justiça a respeito da tarifa d’água.

A Mesa também avisa aos Srs. Vereadores que permaneçam no Plenário, após o encerramento da Sessão Ordinária, para reunião da Comissão Conjunta para exame de três projetos.

Com a palavra, o Ver. Flávio Koutzii, em tempo de Liderança.

 

O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o meu objetivo, ao usar este espaço, é uma pequena observação sobre uma posição da Secretaria do Meio Ambiente que nos causou estranheza, que informava que a distribuição - existe uma regulamentação para distribuição de folhetos e prospectos em Porto Alegre - deveria ser submetida à apreciação daquela Secretaria. Um grande alarma se produziu na Bancada do Partido dos Trabalhadores que tem dedicado muito à distribuição de panfletos para fazer política e influenciar pessoas pelos métodos mais ligados à sua tradição, ao trabalho mais direto de corpo a corpo, e que é uma das razões do nosso crescimento, e da nossa solidez. Então, antes de qualquer coisa, tratei de buscar informação junto à Secretaria e ela nos diz que existe uma Lei de Impacto Ambiental, nº 6.581, de 22 de dezembro de 1981, e um decreto nº 8.184, de 7 de março de 1983, que regulamenta, efetivamente, a distribuição desse material. Perguntei ao Secretário que entendimento havia sobre isso, e a informação - porque somos absolutamente contrários a qualquer regulamento concernente a isso, e não seria sob o pretexto de regulamentar panfletos comerciais que repetiríamos um procedimento que, no nosso entendimento, tem uma inflação mais ligada aos tempos autoritários e da ditadura, - então, a informação, a comunicação que temos é que isso foi uma colocação de um técnico, sem o conhecimento de seu supervisor, e do próprio Secretário. Então, me antecipo a qualquer crítica, e seria muito justa, no nosso entendimento, já trazendo o esclarecimento, e deixando claro que, do nosso ponto de vista, isso é inaceitável, e que a SMAM terá em conta, sobretudo, um critério político e democrático, não transformando a justíssima preocupação concernente aos problemas de impacto ambiental, numa vigilância fora de lugar, sobre procedimentos de propaganda política, ou não, embora a propaganda política não seja mencionada nesse material. Por fim, gostaria de dizer ao Ver. Vieira da Cunha - e a ele, na medida em que ele individualizou a sua manifestação, não uma manifestação de Bancada - sobre qual é a candidatura mais oportuna neste País, neste momento, não para responder de uma maneira, com a camiseta na mão, e de uma maneira primária, o meu candidato é melhor que o seu, não é por aí, mas salientar que nenhuma aliança política séria é feita fora de bases programáticas, examinadas com muito rigor. E bases programáticas só podem ser examinadas com rigor à luz da forma como os partidos a tratam no dia-a-dia do seu fazer político.

Então, o grande desafio que separa estas duas candidaturas não é que uma ou outra sejam insensíveis ao crescimento da direita. É que uma e outra têm tido caminhos extremamente diferentes da forma como tratam de construir e constituir o seu espaço político. Eu não acho que deva ser desconsiderado o desafio que se põe frente a nós, mas eu gostaria de dizer que não há nenhuma possibilidade de discutir isso superficialmente e sem ter em conta compromissos vitais com determinadas bandeiras. Fora isto, seria cair num mero eleitoralismo, seria cair na suposição de que apenas um homem e não um projeto político é o que pode mudar a face deste País. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Machado em tempo de Liderança com o PMDB.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu gostaria de fazer duas manifestações no meu pronunciamento, hoje, no espaço de Liderança do PMDB e dizer o seguinte: que tenho acompanhado as pesquisas, este processo político no momento, quero dizer que em primeiro lugar vou colocar três partidos culpados pelo crescimento de Collor de Mello. Em primeiro lugar o meu Partido, por quê? Ele é culpado que quando na convenção éramos para ter escolhido Orestes Quércia - que era o meu candidato e da maioria do PMDB - e apoiaram Ulysses Guimarães; segundo lugar, porque na Associação dos Vereadores do Rio Grande do Sul 64% apoiaram Orestes Quércia, 5% apoiaram Ulysses Guimarães. Então vamos saber o porquê do crescimento de Collor. Por que cresceu? Por que veio das nuvens tipo anjo? Não, é porque há Partidos que se destroem internamente e acabam demandando votos para outros Partidos, evidente.

Em segundo lugar, o Partido da Frente Liberal, embora fizesse um gesto democrático, interno, também apoiou, apresentou Aureliano Chaves, ex-Ministro do Governo Sarney que não vai levar voto de ninguém.

Em terceiro, o PDS, que na convenção apoiou Maluf e não vai levar voto de ninguém. Onde é que estão os votos desses três Partidos? Então é para ver que o crescimento de Collor é porque há inoperância de escolha dos candidatos. Não foram escolhidos os que tinham aceitação popular nesses partidos, não foram eles apoiados à candidatura a Presidente da República. Apoiaram outros candidatos. Terceiro, eu quero dizer que o meu voto ainda não está definido em quem o candidato que eu vou apoiar, só quero dizer que se for definitivamente apoiar deixarei o Partido. Por quê? Por que acho que nós temos que ter a clareza de não enganar nas nossas bases, não adianta se trabalhar a vida inteira nas bases, se luta e depois quer trazer um candidato e enfiar goela abaixo. Não tem como se trabalhar uma candidatura, quando ela vem de cima e não vem de baixo. É difícil. Então eu quero dizer que, infelizmente, eu vejo esse desespero que não é o caso do PMDB, o PDMB não está desesperado porque já sabia que Ulysses não ia desapontar como “número 1” na preferência. Eu quero dizer que o desespero fica por conta do PDT e por conta do PT, esse é o desespero porque já se tinha que, no segundo turno, iriam disputar a eleição Lula e Brizola, eu acho que o PMDB, hoje, é um telespectador do desespero de causa do PDT e do PT. No mais, quanto à candidatura do meu Partido eu respeito o homem Ulysses Guimarães por sua história, só que não reflete as bases do Partido, não reflete a candidatura do Ulysses. Infelizmente é isso aí que nos demonstra, hoje, a opinião pública quando nos apresenta a candidatura e que muitos cobram, apresentam os coquetéis, com a candidatura majoritária. Mas levemos eles para a Vila para ver como é que ficam. Apresentam na Vila candidatura majoritária que o povo não aceita, para ver o que acontece. Infelizmente é isso aí que está se vendo. Então, a gente fica sentado, tenho que engolir candidaturas que eu não apoiei, eu fico sinceramente cada vez mais triste e dando razão ao doutor e Ver. Omar Ferri que disse desta tribuna que o candidato Collor de Mello conseguiu captar os votos do PFL, PDS e PMDB e por isso que está crescendo. Está crescendo pela inoperância dos Partidos que não souberam apresentar candidatos que o povo verdadeiramente apoiasse. Esse é o meu protesto de hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa Projeto de Lei do Executivo nº 023/89, que concede pensão a viúva de ex-Vereador e dá outras providências.

Está encerrada a presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 15h51min.)

 

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